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Escaladas no Leme / RJ

Atualizado: 18 de jan. de 2019

Escalar durante o verão no Rio de Janeiro, na maioria das vezes pode se mostrar uma tarefa extremamente complexa, não pela problemática das escaladas em si, mas sim por conta do calor exacerbado. Ainda assim, é possível encontrar locais agradáveis, como é o caso do Leme.

João Pedro escalando a "Depois da Tempestade" (III), com Laura na segurança
João Pedro escalando a "Depois da Tempestade" (III), com Laura na segurança
Dia 12 de janeiro, um sábado no auge do verão, com o céu limpo e sol à pino. Acordei relativamente tarde, por volta das 7h da manhã. A vontade de escalar era grande, porém, o calor era de desanimar. Em minha companhia, Laura e meu filho João Pedro.

Confesso que cogitamos passar o dia vendo filme no conforto do ar condicionado, ou relaxar à beira de alguma piscina. Mas decidimos fazer um "passeio" sem compromisso, no Leme. Foi a opção mais assertiva possível!


As vias no Leme, por incrível que pareça, são relativamente recentes, datando principalmente dos anos entre 2005 e 2007. Algumas poucas vias foram abertas antes ou depois deste período.

Morro do Leme e o setor das vias de escalada, após o caminho dos pescadores
Morro do Leme e o setor das vias de escalada, após o caminho dos pescadores

Na parede principal há ótimas opções de vias de duas enfiadas, mas atualmente todas encontram-se interditadas pelo exército. Durante certo período (sobretudo na época das conquistas), as escaladas eram liberadas no local. Depois de um tempo, a escalada passou a ser permitida desde que se conseguisse uma autorização do comandante do dia. Já hoje, não há mais esta opção, fato que está sendo negociado, mas com poucas esperanças.


De todo modo, há um setor localizado mais à direita da parede (de quem olha de frente para a mesma), após o caminho dos pescadores. Esta área não se enquadra na interdição e pode ser acessada livremente para a prática do nosso esporte.


O interessante deste setor, é a facilidade de acesso (basta caminhar até o final do caminho dos pescadores e pular a mureta) e diversidade de vias. Além de vias totalmente em proteção fixa, há vias com proteção móvel e mista, todas com proteções fixas no topo. Além disso, há vias de baixa e alta graduação, permitindo um ótimo treino, independente da experiência do escalador. Outro facilitador é o tamanho das vias: todas possuam no máximo uma enfiada e permitem, em geral, serem utilizadas para top-rope.

Laura e João Pedro no platô inicial da via "Depois da Tempestade" (III)
Laura e João Pedro no platô inicial da via "Depois da Tempestade" (III)

Por tratar-se da face sudoeste, durante o verão pela manhã, o sol começa a bater por volta das 9:30h da manhã. Aos que gostam de acordar cedo, existe a possibilidade de realizar algumas vias antes que a sombra se vá. Entretanto, mesmo quando o sol atinge a parede, generosas palmeiras no topo conferem sombras estratégicas, unidas à brisa que vem do mar - este, imediatamente abaixo das vias -, permitindo uma atividade bastante agradável.

João Pedro na "Tsunami" (III), com Laura no platô da base
João Pedro na "Tsunami" (III), com Laura no platô da base

Outro ponto positivo das vias neste setor do Leme, é o fato de todas (exceto a via "Marola") foram devidamente regrampeadas por mim e pelo amigo Flavio de Lima, por poderosos grampos de titânio, conferindo segurança ao repetir as vias.


Com relação às vias: Andar até o final do caminho dos pescadores e se equipar neste ponto. É possível fazer isso nos costões após a mureta, mas além de ser desconfortável, há o risco de deixar algo cair. Neste caso, não há outro alvo que não o mar... com grande chance de não conseguir recuperar o item. Neste local, é comum encontrar pescadores que não costumam atrapalhar os escaladores (pelo contrário, são, em geral, muito cordiais).


Passada a mureta, há uma fenda contínua e bem óbvia, voltada para a esquerda. Trata-se da via "Mar Grosso" (IVsup - 25m), toda em móvel, contando com um grampo em seu crux (a virada do diedro já no final) e parada dupla no topo. Da base desta fenda, seguindo para a direita, chega-se a um platô bem confortável, com um grampo. Deste grampo, saem as vias "Tsunami" (III - 20m), uma fenda frontal perfeita, toda em móvel, com proteção fixa no topo e a "Depois da Tempestade" (III - 20m), uma linha interessante e bem protegida, toda com proteções fixas. Rapelando do grampo do platô, em diagonal à direita, chega-se à base da "Cuscuz Molhado" (IVsup - 45m), uma das vias mais longas do setor, iniciada praticamente na linha d'água.


Essas quatro vias por si só, já valem a visita ao local. Mas se o propósito é se aventurar um pouco mais, é possível continuar escalando em horizontal para a direita, seguindo a linha da travessia "Dois em Um" (3° V - 70m). Esta via possui a característica de ser quase toda em horizontal, com um rapel no final, para acessar uma enseada com várias outras vias, sendo necessário escalar seu crux para retornar (ou manter uma corda fixa na ida).

Platô social na base das primeiras vias do setor!
Platô social na base das primeiras vias do setor!

Na enseada, existem ótimas opções de IIIsup ao VIIIb, sendo a maioria em proteções fixas, porém, com duas boas vias com passadas em móvel - a "Maré Negra" (V E3 - 25m) e a "Insolação" (IIIsup - 20m). Existem ainda as desafiadoras "Rio 40 graus" (VIIa - 12m), "Bicho Papão" (VIIIa - 10m) e a "Marola" (VIIIb - 15m), sendo esta última a única que ainda possui proteções da época da conquista, estando em condições duvidosas de repetição.


Para aqueles que gostam de conhecer novos points de escalada, mas não querem se afastar muito dos confortos da civilização ou sofrer com o calor escaldante do nosso verão, fica a dica de um pedacinho de rocha ainda pouco visitado, mas que não deixa nem um pouco a desejar!




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