Não... não foi minha primeira vez escalando no Morro do Capacete (2.200m), em Três Picos... Mas sim, a primeira vez do meu filho, João Pedro, com apenas 7 anos de idade! Juro que me segurei, mas não resisti em fazer este relato.
Fim de semana passado, para quem não sabe, aconteceu em Três Picos (vulgarmente conhecido como Salinas), o quarto festival de rock da região, o Salinas Rock Festival. Estava animado para ir, mas ficaria com meu filho este fim de semana. Pensei duas vezes antes de decidir, mas achei que já era hora do moleque conhecer aquela região mágica, onde só quem foi sabe do que estou falando.
O planejamento era simples: Alugar um carro com mais duas pessoas e arranjar uma pousada para ficar. Mas aos poucos, a coisa foi se desenrolando com proporções bem distintas das iniciais. O grupo estava fechado: Eu, João Pedro (meu filho), Thais e Carlinha (ambas do CERJ). Apesar de termos planejado sair do RJ mais cedo, só conseguimos pegar o carro por volta das 22h, quando finalmente começamos nossa viagem.
Poucos dias antes, recebemos um convite bastante oportuno dos queridos Almir e Norma, para que ficássemos em seu sítio, muito próximo ao local do show de rock (muito próximo mesmo!). Confesso que esse foi o fato decisivo para definir minha ida, e, com certeza, foi uma das melhores coisas que aconteceram! Mesmo chegando às 2h da madrugada, fomos recebidos extremamente bem!
Barracas armadas e finalmente um pouco de descanso. João Pedro por sua vez, extasiado com o acampamento e tudo mais, teimava em não dormir. Une-se a isso o som do rock do primeiro dia do festival, fazendo com que os olhos só se fechassem por volta das 4:30h da manhã. Pelo menos foram horam muito bem dormidas, até que às 8h resolvemos todos levantar e tomar um delicioso café preparado pelo casal anfitrião. Ainda ensaiei fritar uns ovos e fazer capuccino na barraca, apenas para diversão do João, mas com certeza, o café que nos foi oferecido foi salvador! rs...
No sábado, saímos do sítio bem tarde, por volta das 9:30h, quando juntou-se ao grupo, o Breno. Fomos então, os cinco aventureiros, em busca de (obviamente) aventuras! A subida inicial foi devastadora... sol forte na cabeça, quando apontava no relógio o horário de 10:30h da manhã. Após a estrada inicial, chegamos ao Mascarim exaustos. Descansamos um pouco e decidimos continuar, subindo até o vale dos Deuses. Chegando neste ponto, nuvens começaram a tomar o céu e ao invés de preocupação com o calor, começamos a nos preocupar com a chuva, que poderia vir a qualquer momento. De toda forma, continuamos subindo, agora em trilha bastante inclinada, rumando à base das escalada que escolhemos fazer.
Minha opção foi a via "Sérgio Jacob" (4° V E3/E4 - 160m), no Capacete, que apesar de possuir uma das trilhas mais longas e cansativas de Três Picos, é também uma das vias mais curtas da região. Um dos motivos desta via ser pouquíssimo frequentada, além da trilha, é o fato da mesma ser bem exposta, com grampos com até 25 metros de distância entre si, em lances com graduação superior ao 4° grau.
Chegamos na base às 11:50h. Nos equipamos rapidamente e dividimos o grupo em duas cordadas: a primeira, comigo, Thais e JP (que faríamos a "Sérgio Jacob") e a segunda, com Breno e Carlinha, que fariam a "Rodolfo Chermond", imediatamente ao lado direito da primeira via.
A "Sérgio Jacob" é uma via, no mínimo, incrível! Segue quase que 90% por uma cristaleira bastante vertical, mas com agarras generosas. Os lances mais complexos, são justamente as passadas em "agarrência" na saída da base e no meio da segunda enfiada. Ambos com risco de queda feia. Ou seja: cair guiando não era uma opção!
Aos poucos, fomos vencendo metro a metro e quando a brincadeira estava ficando boa, notamos que não havia mais parede em nossa frente... chegamos ao cume!!! Vale ressaltar a eficiência dos meus parceiros de cordada, Thais, com segurança e determinação impecáveis, e, claro, JP, com uma tranquilidade e animação fora do sério! Thais que o diga... João não fechou a matraca nem por um instante! rs...
Chegamos no cume praticamente juntos com Breno e Carla. Tiramos inúmeras fotos, lanchamos, assinamos o livro de cume e às 15:20h, já estávamos preparando o rapel, que durou menos de 1 hora.
Voltamos ao sítio às 18:00h, jantamos e nos arrumamos para ir ao show. Podia jurar que o João passaria o resto da noite dormindo dentro da casa do sítio onde o show aconteceu... que nada! Passou a noite correndo de um lado para o outro, completamente elétrico, brincando com as crianças que por lá estavam!
Mais um fim de semana inesquecível, na companhia de pessoas queridíssimas! Agradecimentos à Thais, pela parceria perfeita na escalada e por todo carinho com o JP. À Carlinha e Breno, por (como sempre) serem amigos e companheiros incríveis. E, finalmente, ao Almir e Norma, que não poderiam ter sido mais carinhosos e receptivos!
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