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Foto do escritorPedro Bugim

Nova via no Morro do Morcego - Niterói

Após uma tentativa infrutífera de ir à Ilha Comprida, no Mona Cagarras, acabamos indo para a Praia do Morcego, onde, inusitadamente, conquistamos uma bonita via apelidada de "Mari do Metrô" (3° IV E2 D1 - 185m)

Laura Petroni na terceira enfiada da "Mari do Metrô" (3° IV E2 D1 - 185m)
Laura Petroni na terceira enfiada da "Mari do Metrô" (3° IV E2 D1 - 185m)

Durante o carnaval de 2022, no qual passei em Carrancas / MG, com minha esposa Laura, meu filho João Pedro e os amigos Waldecy, Hernando, Marcelo, Anabel e Miguel, fiquei sabendo de uma excursão que rolaria duas semanas depois, para a Ilha Comprida, no complexo das Ilhas Cagarras. Seria uma excursão interclubes, entre o Clube Excursionista Carioca (CEC) e o Centro Excursionista Guanabara (CEG), capitaneada pelo próprio Wal. Como sempre, estes passeios são extremamente divertidos e, na hora, eu e Laura nos candidatamos às duas últimas vagas disponíveis.


Chegado o grande dia, 12 de março de 2022, logo pela manhã, por volta das 6h, soubemos de uma desistência, abrindo uma nova vaga. Mas a esta altura do capeonato, como conseguir alguém disposto a nos acompanhar, sem ter planejado absolutamente nada? Milagrosamente, uma amiga da Laura (Mariana) estava a postos, na Urca, para uma aula de escalada, que prontamente foi desmarcada, possibiitando a sua participação na atividade e completando a lotação máxima estipulada.

Embarque do grupo, no Quadrado da Urca, na manhã de sábado
Embarque do grupo, no Quadrado da Urca, na manhã de sábado

Saímos do Quadrado da Urca às 8:30h, com um pequeno atraso, mas nada que comprometesse a excursão. O importante, é que TODOS estavam extremamente empolgados em conhecer um novo lugar, além de estarmos entre amigos incríveis. Eu, particularmente, estava com a intenção de realizar a manutenção das vias de escalada da Ilha, trocando os antigos grampos "P" de Inox por chapeletas em aço inox 316L, muito mais propícias ao ambiente marítimo. Além disso, pensava também em tentar conquistar algo por lá, por isso, a mochila estava devidamente carregada com todo equipamento necessário.


Eis que, minutos após entrarmos em mar aberto, já tendo saído da Baía da Guanabara, nos deparamos com um vento bizarro e um mar bastante revolto. Considerações devidamente realizadas entre o organizador da expedição e o comandante do barco, chegando à conclusão que progredir seria arriscado. Banho de água fria para todos. Bom.... nem tanto. Com a notícia, os ávidos participantes, outrora ansiosos pelas caminhadas e escaladas, voltaram a sua atenção para a atração princial, pós atividade: a cerveja!

Galera no barco!
Galera no barco!

A má notícia não abalou o ânimo do grupo e assim, seguimos nosso passeio com um novo destino: a Praia do Morcego, em Niterói, local onde poderíamos nos abrigar do mau tempo, mas mesmo assim, curtir o passeio de barco, dar um mergulho, fazer nosso churrasco e tomar as centenas de cervejas à bordo.


Chegando ao nosso destino (do plano "B"), fiquei instantaneamente vidrado na parede Norte do Morro do Morcego. Sorte a minha que a Laura também se empolgou com a ideia e decidimos desembarcar com todo o equipamento e fazer uma exploração na montanha. Conversamos com os seguranças do local (afinal, trata-se de uma área particular) e, tendo o aval deles, pegamos uma trilha incipiente, mas bem demarcada, que levava à base do paredão rochoso.


Prontamente identificamos uma linha muito interessante e, em poucos minutos, já estávamos eu e Laura, totalmente equipados e iniciando a nossa aventura. Como já estava tarde (por volta das 11h), o Wal nos deu exatas duas horas para retornarmos ao barco. Com isso, tivemos que ir na "velocidade 5", conquistando os lances com o máximo de dinamismo possível, mas sem deixar de lado toda a segurança.

Laura Petroni na segunda enfiada da "Mari no Metrô" (3° IV E2 D1 - 185m)
Laura Petroni na segunda enfiada da "Mari no Metrô" (3° IV E2 D1 - 185m)

A primeira enfiada foi aberta em poucos minutos, já que os 30 metros iniciais são bem simplórios. A segunda metade desta enfiada conta com lances mais verticais, um pouco mais complexos, mas ainda assim, sem representar um problema. Apesar de ainda sujos, os lances são bem bonitos e lembram muito as vias do Morro da Babilônia, na Urca (obviamente, sem contar a sujeira ainda presente na linha).


A segunda enfiada é a mais tranquila da via, tendendo sempre para a direita, buscando os caminhos com menor vegetação e os trechos de rocha aparente. Esta enfiada foi feita realmente em pouquíssimo tempo, chegando à base de um platô com vegetação.

Pedro Bugim conquistando a última enfiada da "Mari no Metrô" (3° IV E2 D1 - 185m)
Pedro Bugim conquistando a última enfiada da "Mari no Metrô" (3° IV E2 D1 - 185m)

A terceira enfiada inicia com um pequeno "vara mato", alcançando a porção superior da perede, na qual os lances se tornam um pouco mais verticais, com passadas bonitas e um pouco delicadas em alguns pontos. A reta final para chegar à P3 representa o primeiro crux da via, graduado em 4° grau.


Para nossa surpresa, em determinado momento, percebemos que a via "Moby Dick" vem da direita e percorre um enorme platô, sempre seguindo à esquerda, por onde essa via termina. Para nossa sorte, uma das paradas duplas desta via fica exatamente no local em que pretendíamos fazer a nossa P3!

Laura Petroni e Pedro Bugim ao final da conquista da "Mari no Metrô" (3° IV E2 D1 - 185m)
Laura Petroni e Pedro Bugim ao final da conquista da "Mari no Metrô" (3° IV E2 D1 - 185m)

Deste ponto em diante, após cruzar a "Moby Dick", seguimos reto para cima, com uma leve tendência à direita, chegando ao lance final - e segundo crux - da via. Um lance espetacular, em boulder, para vencer o enorme bloco final da parede e acessar o cume da montanha! Apesar de curta, a quarta enfiada ficou espetacular e fecha com chave de ouro esta linha inusitada.


Durante o rapel, ainda realizamos algumas intermediações, para que os lances não ficassem muito expostos, além de duplicarmos as paradas de 30 em 30 metros, permitindo assim, o rapel com uma única corda de 60 metros. Todas as chapas da via são do modelo PinGo em aço inox 316L, aço super austeníaco, com ótima resistência ao ambiente salino.

A galera, após o passeio
A galera, após o passeio

Descemos EXAUSTOS, tanto pela correria, quanto pelo forte sol que fazia, às 13h. Voltamos imediatamente para o barco, cansados, mas muito felizes pela grata surpresa de termos encontrado esta linha, quando as esperanças de escalar já haviam ido por água abaixo. Ao final, a via ficou com 185 metros de extensão, graduada em 3° IV E2 D1 e contou com 26 chapeletas, sendo batizada carinhosamente de "Mari do Metrô".


O nome da via..... bom, reza a lenda, que a última vaga do passeio foi preenchida ainda na manhã de sábado, quando o Wal conheceu a Mari, enquanto ambos pegavam metrô para a Urca. Depois de tanta cerveja e tanta gente contando esta história, já não sei mais se esta é a realidade, ou se o que contei lá no início do texto procede (rs...). Fato é que uma homenagem à "Mari do Metrô" (vulgo Mariana Gogola) pareceu muito justa. ;-)

Linha das vias na Face Norte do Morro do Morcego
Linha das vias na Face Norte do Morro do Morcego

Um super agradecimento à Laura pela parceria, perfeita como sempre, ao Wal, pela organização impecável da excursão e a todos os presentes (não coloquei nomes, pois foram MUITOS), por toda a amizade e animação! Que venham os próximos!

Croqui da "Mari do Metrô" (3° IV E2 D1 - 185m)
Croqui da "Mari do Metrô" (3° IV E2 D1 - 185m)





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